Mas o que muitos não sabem é que essas obras de arte capilares, eram usadas como uma forma de expressão cultural e identidade étnica. Para alguns povos elas poderiam ser usadas para enfeitar e seduzir, ou eram usadas para agradar aos deuses e se proteger de infortúnios, e até mesmo funções práticas, como proteger o cabelo do sol e do vento.
Para os vikings, as tranças viraram símbolo desse povo e como o cabelo era, geralmente, longo, as tranças facilitavam qualquer ação de ataque durante as batalhas. Eles também usavam o penteado para demonstrar status, elas serviam para intimidar e demonstrar superioridade.
Egípcios, gregos e romanos também utilizavam tranças como símbolo de status social e poder. Já na China antiga, as tranças eram consideradas um sinal de beleza e feminilidade.
Para o povo africano, também significava status social, etnia, religião, resistência racial. A trança nagô é um símbolo de empoderamento político e um tributo à resistência e à cultura Afro. No Brasil, durante o período da escravidão, as tranças nagô serviam para identificação da tribo de origem dos escravizados, mas também era símbolo e expressão e arte, além de seus trançados serem usadas para desenhar mapas com rotas de fuga.
As culturas indígenas também têm uma rica tradição de trançados. Cada tribo tem seu próprio estilo e técnica, transmitidos de geração em geração. As tranças indígenas são usadas como uma forma de expressar a identidade cultural e preservar as tradições ancestrais. Nos trançados indígenas são incluídos fibras naturais, penas, conchas e outros materiais encontrados na natureza, para ornamentar o penteado, e são usadas também para representar.
A conexão com a terra, animais e os espíritos da floresta, por homens e mulheres
Assim como os indígenas, o povo havaiano também usam as tranças para representar a conexão com a natureza e a espiritualidade. Elas são consideradas sagradas e são usadas como uma forma de honrar os deuses e trazer boa sorte. Além disso, as tranças havaianas também são um símbolo de beleza e elegância. Ainda hoje, no Havaí, as tranças são uma parte essencial da cultura local. Elas são conhecidas como “haku lei” e são feitas com flores frescas, folhas e outros materiais naturais, e muito usadas em ocasiões especiais, como casamentos e festivais.
Tranças são como fios de memória, entrelaçados com tradições e culturas ao redor do mundo, e atualmente continuam sendo populares e estão presentes em diversos estilos de penteados, desde os mais simples até os mais elaborados. Além disso, as tranças têm se tornado um símbolo de empoderamento feminino e autoexpressão.
“Trança é um penteado universal. Essa cultura se espalhou pelo mundo e o penteado adequando-se ao que temos hoje. É algo milenar, mas que hoje impactam em diferentes cenários na modernidade”, afirma Gabrielle Machado, que fez de sua relação com o penteado, uma profissão: se tornou trancista profissional, inicialmente pelo incentivo de amigos para complementar sua renda.
Hoje, Gaby tem seu próprio estúdio e realiza diferentes estilos de tranças, das mais simples às mais complexas. “Mas as que mais me identifico em realizar são as de estilo nagô e também as boxes braids, que consistem em trançar o cabelo natural com fios sintéticos para alongar os fios. Elas podem ser feitas em diversas espessuras e tamanhos, e são uma tendência na beleza”, comenta.
Para a trancista, o mais indicado para quem gosta de tranças é primeiramente cuidar do seu próprio cabelo, mantendo-os sempre hidratados e saudáveis para receber a aplicação. “Tendo em vista que alguns modelos podem durar até 90 dias. Não é indicado para pessoas que realizaram procedimentos, com química (alisamento, descoloração, botox) com menos de três meses, pois pode causar ressecamento do fio e ocasionar a quebra dos fios”, ensina.
Já os cuidados para as trançadas são bastante simples, salienta Gaby: “se você usa uma trança no cabelo todo, que são mais pesadas, não é indicado fazer amarrações muito fortes logo no início do penteado – para evitar tração no couro cabeludo; e para todos os tipos de tranças é indispensável o uso de touca de cetim. Ela é a nossa “melhor amiga” para evitar o frizz. Você também pode investir em um bom tônico capilar para auxiliar no crescimento e na fortificação do seu cabelo. Os cuidados na lavagem para quem faz o uso de tranças são bastante práticos, pois usamos somente o shampoo para lavá-las, de preferência um anticaspas, e após elas estarem secas, para ajudar no auxílio com o frizz, pode ser usado o mousse anti-frizz”, completa.
Para quem gosta deste universo e quiser acompanhar o trabalho da Gaby, acesse: @gabi_trancasedreads. A artista sempre traz conteúdos informativos sobre esse mundo e muitas promoções para quem é viciado em trocar de cabelo.