As tensões entre Estados Unidos e Ucrânia ganharam um novo capítulo após declarações do presidente americano Donald Trump, nesta sexta-feira (21). Em entrevista à Fox Radio, Trump afirmou que a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas negociações para o fim da guerra “não é muito importante“. A declaração ocorre em um momento de aproximação entre EUA e Rússia, com reuniões realizadas sem a participação de Kiev.
Crise diplomática e troca de acusações
A relação entre Trump e Zelensky tem se deteriorado nos últimos dias. Durante a semana, o presidente americano criticou o líder ucraniano, chamando-o de “ditador sem eleições” e sugerindo que ele deveria buscar um acordo rapidamente ou “ficaria sem um país”. Em resposta, Zelensky afirmou que Trump teria exigido US$ 500 bilhões em riquezas da Ucrânia em troca de apoio militar.
Essa mudança de postura dos EUA gera preocupação na Europa, que teme que uma maior proximidade entre Washington e Moscou leve a um acordo desfavorável para a Ucrânia, permitindo a consolidação dos territórios ocupados pela Rússia.
Interesses divergentes
As posições dos principais envolvidos no conflito apresentam contrastes significativos. Trump tem condicionado o apoio à Ucrânia à concessão de direitos sobre áreas ricas em minerais essenciais para a indústria eletrônica, como lítio e urânio. Além disso, pressiona Zelensky para realizar eleições, mesmo sob Lei Marcial.
Já o governo ucraniano busca garantias de segurança, incluindo a retirada total das tropas russas, a devolução da Crimeia e o ingresso na Otan. A Rússia, por sua vez, pretende consolidar o controle sobre territórios ocupados e impedir a adesão da Ucrânia à aliança militar ocidental.
Impacto na segurança europeia

A postura dos EUA no conflito tem gerado inquietação entre os países europeus. Líderes do continente temem que uma solução negociada sem a Ucrânia abra precedentes para futuras agressões russas. Por isso, tem havido debates sobre a necessidade de uma Europa mais autônoma em questões de defesa, reduzindo sua dependência dos Estados Unidos.
Além disso, o fornecimento de gás russo segue como uma questão sensível para a Europa, especialmente após a Ucrânia ter interrompido o trânsito de gás pelo seu território. O desdobramento das negociações pode afetar diretamente a estabilidade energética do continente.
Com o acirramento das disputas diplomáticas, a condução das negociações de paz segue incerta. A ausência da Ucrânia em discussões entre EUA e Rússia pode redefinir o futuro do conflito, com impactos globais.