Na Argentina, o índice de pobreza entre os idosos, maiores de 65 anos, quase dobrou no primeiro semestre do governo de Milei, apontam dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec). Os números saltaram de 17,6% para 29,7%.
Hoje, do total de argentinos aposentados, superior a 7 milhões de pessoas, dois terços recebem 343 mil pesos, valor mínimo da aposentadoria, que está próximo ao preço da cesta básica, 334,5 mil pesos, segundo dados da Administração Nacional de Segurança Social do país (Anses).
Um dos fatores que contribui para o empobrecimento dos idosos é o congelamento do auxílio destinado a quem recebe salários mais baixos. Desde 2024, o valor não foi alterado, enquanto o custo de vida dobrou.
Inflação
Gabriela Navarra, aposentada na Argentina, conta, em entrevista ao G1, que ficou “muito mal economicamente”, precisando escolher entre manter seu carro ou o seguro-saúde, este último que, de um mês para o outro, teve um aumento de mais de 10%.
A inflação na Argentina chegou perto de 120% em 2024. Navarra relata que os reajustes em seu salário não acompanharam a alta dos preços e, por isso, teve que alterar seu consumo para comprar itens mais baratos.
Além disso, os medicamentos tiveram um aumento de 240% no ano de 2024, de acordo com o relatório do Centro de Profissionais Farmacêuticos (Ceprofar). O Programa de Assistência Médica Integral do Estado argentino (Pami) reduziu o acesso dos aposentados aos medicamentos gratuitos, exigindo um “trâmite especial” para as solicitações.
Protestos
O governo atual da Argentina defende que o sistema previdenciário é insustentável. Diante desse posicionamento e da série de medidas que afetaram os aposentados, os argentinos começaram a realizar protestos todas as quartas-feiras em frente ao Congresso, o ato é chamado de “marcha dos aposentados”.
Essa manifestação já foi realizada na década de 90, quando a reivindicação era pelo aumento do valor das aposentadorias, e retornou após a chegada de Milei. No entanto, a repressão policial tem marcado esses atos. Na manifestação de 12 de março, mais 100 pessoas foram detidas e outras 50 ficaram feridas.
