Universidades dos EUA: Carta contra a intervenção de Trump

Instituições de ensino acusam Trump de “interferência política” no ensino superior e uso de financiamento público como ferramenta de coerção
Pessoas andando em frente a fachada de universidade na Flórida.
Universidades dos EUA: Carta contra a intervenção de Trump. Reprodução/Pexels/@davegarcia

Uma onda de indignação varreu o cenário acadêmico dos Estados Unidos nesta terça-feira (22/04), com quase 200 universidades e faculdades, incluindo algumas das mais prestigiadas do país, unindo forças para condenar o que descrevem como “interferência política” sem precedentes do governo Trump no ensino superior.

A carta conjunta, publicada pela Associação Americana de Faculdades e Universidades, acusa a Casa Branca de usar financiamento público como ferramenta de coerção para interferir na autonomia das instituições.

O documento, que já acumula 191 assinaturas e continua a atrair adesões, afirma preocupação com o “controle governamental sem precedentes” que, segundo as instituições, ameaça a liberdade acadêmica e a integridade do ensino superior americano. Universidades como Yale, Brown, Princeton e Harvard endossaram a carta, destacando a gravidade da situação.

“Estamos abertos a reformas construtivas e não nos opomos à supervisão legítima do governo. Entretanto, devemos nos opor à interferência indevida do governo na vida daqueles que aprendem, vivem e trabalham em nossos campi. Sempre buscaremos práticas financeiras eficazes e justas, mas devemos rejeitar o uso coercitivo do financiamento público de pesquisa”, afirma a carta.

Universidades dos EUA: Carta contra a intervenção de Trump
Yale, Brown, Princeton e Harvard são algumas das universidades que assinaram a carta. (Foto: Reprodução/Pexels/@davegarcia)

O texto defende que as universidades devem ser centros de livre troca de ideias e opiniões, onde professores, alunos e funcionários possam expressar uma ampla gama de pontos de vista sem medo de represálias, censura ou deportação.

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Ação judicial de Harvard

A divulgação da carta ocorre um dia após a Universidade de Harvard entrar com um processo judicial contra o governo Trump, em resposta às ameaças de cortes de financiamento e à imposição de supervisão política externa. O presidente americano tem intensificado seus ataques às universidades, alegando que elas toleram discursos antissemitas e promovem políticas afirmativas que prejudicam a diversidade.

A disputa atingiu um novo patamar quando o governo Trump ordenou o congelamento de 2,2 bilhões de dólares em verbas federais para Harvard, alegando que a universidade discrimina com base em raça e apoia a violência. A Casa Branca também avalia proibir a matrícula de estudantes estrangeiros e acusa o corpo docente de “envenenar” o campus com “ideologia antiamericana”.

@g1 #DonaldTrump X #Harvard – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (15) que pode passar a taxar a universidade Harvard como uma "entidade política" e cancelar a isenção fiscal concedida a instituições de ensino. Trump vem travando uma batalha contra Harvard, a universidade mais prestigiosa dos Estados Unidos, para que a instituição elimine políticas de cotas para minorias nos processos de admissão e contratação. Trump fez a declaração após a direção da universidade afirmar, na segunda-feira (14), que não cumprirá exigências da gestão Trump, como o fim de programas de #inclusão e #equidade. Também na segunda, o governo dos #EstadosUnidos anunciou o congelamento de cerca de US$ 2,3 bilhões (R$ 13,1 bilhões) em subsídios e contratos com a instituição. Clique em "leia o artigo" para conferir a reportagem completa #g1 #tiktoknotícias #diversidade ♬ som original – g1

O Departamento de Segurança Interna dos EUA exigiu que Harvard entregue registros de “atividades ilegais e violentas” praticadas por estrangeiros durante protestos pró-palestinos. A universidade, que tem 27,2% de estudantes estrangeiros em seu corpo discente, rejeitou as exigências, alegando que elas violam as proteções constitucionais à liberdade de expressão e não seguem os procedimentos legais federais de direitos civis.

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Defesa da autonomia

A reação das universidades americanas à política de Trump destaca a crescente tensão entre o governo e as instituições de ensino superior. A carta conjunta e a ação judicial de Harvard representam uma forte defesa da autonomia universitária e uma rejeição à tentativa do governo de impor controle político sobre o ensino superior.

A acusação da Casa Branca de que o corpo docente universitário promove “ideologia antiamericana” é vista como uma tentativa de silenciar vozes críticas e reprimir a liberdade acadêmica. A comunidade acadêmica argumenta que a diversidade de ideias e a liberdade de expressão são pilares fundamentais do ensino superior e essenciais para o progresso da sociedade.

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