Após 25 anos de negociações, líderes do Mercosul e da União Europeia anunciaram, nesta sexta-feira (6), a conclusão dos termos de um acordo de livre comércio entre os blocos. Embora seja um marco significativo, o pacto ainda precisa passar por um complexo processo de validação antes de se tornar realidade.
A União Europeia destacou que o anúncio representa apenas o “primeiro passo em direção à conclusão do acordo”. A implementação dependerá de etapas burocráticas, aprovações legislativas e possíveis ajustes.
Quais são os próximos passos?
A concretização do acordo segue um caminho repleto de desafios. Entre os principais passos estão:
- Revisão legal do texto;
- Tradução para as línguas oficiais (23 da UE, além de português e espanhol);
- Assinatura pelos líderes dos dois blocos;
- Aprovação interna em ambos os grupos:
- No Mercosul, os parlamentos de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia devem validar o texto.
- Na União Europeia, o acordo precisa do aval do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia.
Na UE, a aprovação no Conselho requer o apoio de pelo menos 55% dos países membros, que devem representar 65% da população do bloco. Isso torna o processo ainda mais complexo, uma vez que países como França e Polônia já manifestaram oposição ao acordo.
Benefícios e desafios
O acordo visa zerar ou reduzir tarifas de importação e exportação, além de abordar cooperação política, ambiental, sanitária e de propriedade intelectual. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou o pacto como um “acordo ganha-ganha”.
“Este é um acordo que trará benefícios significativos para consumidores e empresas de ambos os lados, com justiça e salvaguardas robustas para proteger os agricultores europeus”, afirmou Von der Leyen.
No entanto, agricultores europeus, especialmente na França, têm expressado preocupações sobre uma possível concorrência desleal com os produtores do Mercosul. Já na América do Sul, o receio é de que setores industriais e automobilísticos sofram pressão com a entrada de produtos europeus.
Oposição e incertezas
A França lidera a resistência ao acordo, citando preocupações ambientais e o impacto nos seus agricultores. O presidente Emmanuel Macron já classificou o texto como “inaceitável”, enquanto a ministra do Comércio, Sophie Primas, reforçou o compromisso em bloquear o avanço do pacto.
Outros países, como Polônia e Itália, também estão divididos. Para especialistas, a oposição de governos europeus pode atrasar ou até inviabilizar a implementação.
Um futuro incerto
Embora o anúncio do acordo represente um avanço diplomático, sua implementação prática ainda depende de um consenso difícil entre os dois blocos. Enquanto defensores apontam o potencial de impulsionar o comércio global, críticos destacam os desafios econômicos e sociais.
Com etapas burocráticas e negociações sensíveis pela frente, o futuro do acordo Mercosul-União Europeia permanece incerto – mas sua conclusão pode redefinir as relações comerciais entre as duas regiões.