O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em uma entrevista à CBN nesta terça-feira, 18/06, que o comportamento do Banco Central é “uma coisa desajustada neste país”, e, neste mesmo dia, uma decisão sobre a taxa de juros será anunciada, após as 18 horas.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, nesta quarta-feira, 19/06 entra em reunião para que se tenha uma posição sobre a interrupção do ciclo de cortes da taxa básica de juros, segundo projeção de analistas do mercado, vem desde agosto de 2023.
O órgão tem alertado o governo sobre o descontrole fiscal. Lula fez opção por aumentar despesas, com a PEC da transição. A Bolsa em queda e a desvalorização do real traduzem a falta de credulidade dos agentes econômicos. Uma reunião dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, nesta semana, discutiram alternativas para o controle dos gastos.
Se confirmada a manutenção, permanecerá em 10,50% a taxa Selic, o menor desde fevereiro de 2022, que em comparação internacional, esta taxa brasileira está muito alta.
O Copom, formado por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central e a diretoria, terá de tomar a decisão, pois está realmente em fogo cruzado do presidente, que não esconde seu total descontentamento com a taxa de juros.
O Presidente do BC tem lado político, diz Lula
Na entrevista, Lula critica Campos Neto: “Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”.
Com juros que ele chamou de “proibitivos”, Lula diz que este tipo de procedimento inibe investimentos, crescimento do país e geração de mais empregos.
“Como vai convencer um empresário de fazer investimento se ele tem que pagar uma taxa de juros absurda? Então é preciso abaixar a taxa de juros, compatível com a inflação. A inflação está totalmente controlada. E [é preciso] que o Banco Central se comporte na perspectiva de ajudar esse país, e não atrapalhar o crescimento do país”, acrescentou.

O Copom aplicou uma redução à taxa pela sétima vez, e ficou na casa dos 10,50 ao ano, mas a velocidade do corte diminuiu. Em agosto de 2023 e até março deste ano, a redução dos juros básicos foi feita pelo Copom em 0,50 ponto percentual a cada reunião feita.
Na última vez, onde foi feita uma reunião para se falar sobre redução, ficou em 0,25 ponto percentual.
O órgão, segundo um comunicado, informou que a decisão se baseou em: “o ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”.
Membros do colegiado mostraram preocupação com a inflação
Se não bastasse a preocupação com os juros da taxa Selic, membros do colegiado mostraram-se muito preocupados com as expectativas de inflação que podem se acima da meta, o que provocaria uma grande insatisfação da população.
Lembrando que o BC tem total autonomia na sua atuação, sendo que Campos Neto, que tem seu mandato até o final de 2024, foi indicado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), onde a instituição frisa que seu papel é técnico e busca conter a inflação, quando fixa taxa de juros.
Roberto Campos Neto também ressaltou que o Banco Central elevou os juros em 2022, por ser ano eleitoral, e que os juros no Brasil têm uma carga elevada por conta de dívidas altas.
Por: Vania Santos