Brasil fora da tendência lucrativa do kpop em festivais

SEVENTEEN estreia como atração principal no Lollapalooza Berlim 2024
Brasil fora da tendência lucrativa do kpop em festivais
Brasil fora da tendência lucrativa do kpop em festivais. Reprodução/Pinterest/@angel_versos

No último domingo (8), o grupo SEVENTEEN fez história ao se tornar a atração principal de kpop do Lollapalooza Berlim, levando ao palco principal uma multidão de 50 mil pessoas por dia de festival. Com um setlist de 19 canções, o grupo apresentou seus maiores sucessos, contemplando quase uma década de trajetória desde seu debut em 2015, sob a gestão da Pledis Entertainment, uma subsidiária da gigante HYBE, responsável por outros fenômenos como BTS, ENHYPEN, NewJeans e TXT.

A apresentação do SEVENTEEN foi notoriamente marcada pela inclusão inédita de uma banda ao vivo, cujo peso das guitarras trouxe uma nova dimensão às canções, como evidenciado na poderosa execução de “MAESTRO”, sua canção mais recente. Embora estreantes no Lollapalooza, o grupo já acumula uma carreira sólida de quase 10 anos, consolidando-se como um dos pilares do kpop mundial.

A ascensão do kpop em festivais internacionais: uma tendência consolidada

A presença do SEVENTEEN no Lollapalooza Berlim segue uma tendência global de inserção de grupos de kpop como atração principal em festivais internacionais. O BLACKPINK, por exemplo, foi a atração principal do Coachella, em 2023, enquanto grupos como TXT e Stray Kids dominaram os palcos do Lollapalooza Chicago em 2023 e 2024, respectivamente.

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No Glastonbury 2024, o SEVENTEEN também se destacou como o primeiro grupo de kpop a integrar o seleto line-up de um dos festivais mais prestigiados do mundo. LE SSERAFIM, NewJeans, Red Velvet, The Rose e outros grupos do gênero também têm sido presença constante em eventos de grande relevância, como o Primavera Sound, em Barcelona.

O kpop no Brasil: um potencial ignorado?

Apesar do sucesso estrondoso do kpop no cenário internacional, o Brasil parece manter uma postura de resistência em incluir grupos deste gênero em seus maiores festivais, como o Rock in Rio, Lollapalooza Brasil e The Town. Até o momento, a única atração de kpop a subir ao palco do Lollapalooza Brasil foi a banda The Rose, cuja sonoridade se aproxima mais do pop rock.

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BLACKPINK. (Foto: reprodução/Pinterest)

De acordo com Túlio Moura, diretor comercial e produtor da W+ Entertainment, o cenário brasileiro de festivais sofre com uma repetição de artistas, tanto nacionais quanto internacionais, criando um mercado “preguiçoso”. Moura critica a relutância das produtoras em explorar novas oportunidades, resultando em um ciclo vicioso que desconsidera tendências globais.

“O mercado lá fora está muito mais receptivo”, afirma Moura, que trouxe ao Brasil apresentações de Mark Tuan e da própria The Rose. “O kpop se tornou o grande salvador do mercado nos Estados Unidos, sendo uma imensa fonte de receitas.”

O poder econômico do kpop: uma força incontestável

A resistência dos grandes festivais brasileiros em assimilar o kpop contrasta com o impacto financeiro massivo do gênero. Segundo um estudo da Luminate, os admiradores de kpop gastam, em média, 75% mais com música mensalmente e têm 67% mais probabilidade de comprar produtos musicais em apoio a seus ídolos.

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Em 2023, o BLACKPINK registrou a turnê mais lucrativa da história do kpop com a “BORN PINK”, arrecadando mais de 148 milhões de dólares em apenas 29 apresentações. A HYBE, por sua vez, teve uma receita superior a R$ 8,4 bilhões no mesmo ano, impulsionada por shows, venda de álbuns e outras iniciativas promocionais.

Portanto, a ausência do kpop nos festivais brasileiros não pode ser justificada pela logística ou distância entre Brasil e Coreia do Sul. Os números evidenciam que há uma demanda clara e crescente por parte do público brasileiro, que está disposto a adquirir ingressos e participar desses eventos. O que falta é a abertura do mercado local para essa tendência global lucrativa e culturalmente rica.

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