O termo “cérebro podre“, ou “brain rot“, foi eleito a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário Oxford. Embora inicialmente pareça uma expressão exagerada, estudos indicam que o consumo excessivo de conteúdo superficial pode ter efeitos negativos reais no funcionamento do cérebro. A expressão reflete uma preocupação crescente sobre o impacto das redes sociais e do entretenimento digital na cognição humana.
O efeito da hiperconectividade no cérebro
Estudos recentes apontam que o uso excessivo de plataformas digitais pode levar à redução da massa cinzenta, comprometendo funções como memória, atenção e tomada de decisão. Segundo uma meta-análise de 27 estudos de neuroimagem, pessoas que passam muito tempo consumindo conteúdo de baixa qualidade apresentam alterações semelhantes às observadas em dependentes de substâncias como álcool e metanfetamina.
A tendência do cérebro de buscar novidades e informações alarmantes explica, em parte, a dificuldade em se desconectar. Conforme destacou o pesquisador Michoel Moshel, o mecanismo que antes ajudava a sobrevivência humana agora é explorado por algoritmos que incentivam o consumo contínuo de conteúdo digital.
Impacto na educação e na saúde mental
Pesquisas também mostram que o tempo excessivo diante das telas prejudica o desempenho acadêmico e contribui para problemas de saúde mental. Um estudo citado pelo The Conversation revelou que adolescentes passam, em média, mais de oito horas por dia diante de dispositivos eletrônicos. Educadores em diversos países relatam que as tecnologias digitais se tornaram uma distração constante na sala de aula, afetando a capacidade de concentração dos alunos.
O fenômeno também está associado a um círculo vicioso: indivíduos com saúde mental fragilizada tendem a consumir mais conteúdo superficial, o que agrava seus sintomas. Essa relação foi observada em estudos publicados na revista Nature, que destacam a necessidade de intervenções para minimizar esses impactos.
Como combater a “podridão cerebral”?
Especialistas recomendam uma abordagem dupla: limitar o tempo de tela e priorizar conteúdos de maior qualidade. Práticas como estabelecer intervalos regulares sem dispositivos eletrônicos, investir em atividades físicas e interações presenciais podem ajudar a reduzir os efeitos negativos da hiperconectividade.
Além disso, políticas públicas voltadas à educação digital e à transparência dos algoritmos são fundamentais. A conscientização sobre os impactos cognitivos do uso excessivo das redes sociais pode contribuir para um consumo mais equilibrado e saudável de informações.
Em um mundo cada vez mais digitalizado, o desafio é encontrar um equilíbrio entre a tecnologia e o bem-estar cognitivo. Afinal, enquanto os dispositivos eletrônicos fazem parte do cotidiano moderno, a preservação da saúde mental e cognitiva deve ser uma prioridade.