Na noite de sábado (24), durante a majestosa 69ª Festa do Peão de Barretos, Chitãozinho e Xororó subiram ao palco como uma das atrações mais aguardadas do evento, decididos a transformar sua apresentação em um tributo emotivo aos ícones Tião Carreiro (1934-1993) e Pardinho (1931-2002). Essa lendária dupla de violeiros esteve presente nas origens do festival, uma história ricamente relatada por um dos pioneiros em entrevista à Billboard Brasil.
“Quem é da música sertaneja sabe quem é o criador do pagode de viola, Tião Carreiro. Ele estaria completando 90 anos por estes dias, então a gente queria fazer uma homenagem a ele, que sempre será o rei da moda de viola”, declarou Chitãozinho, enaltecendo a grandiosidade do legado deixado por Tião Carreiro, cuja presença espiritual pareceu permear o ambiente da festa.
A viola indomável: um desafio inesperado no palco
Apesar da nobre intenção por trás da homenagem, a apresentação enfrentou uma reviravolta que poderia ter desestabilizado a noite: Xororó, ao tentar afinar a viola em cima da hora, deparou-se com um instrumento rebelde, cuja afinação teimou em não cooperar. A situação, que poderia ter desencadeado uma crise, foi elegantemente contornada por Xororó, que, sem perder a compostura, seguiu interagindo com o público de maneira serena e bem-humorada. “Assim, em cima da hora, é difícil”, confessou ele, antes de fazer uma brincadeira que suavizou o momento tenso: “Ainda bem que trouxeram duas [violas].”
Esse episódio, longe de enfraquecer a apresentação, adicionou uma camada de humanidade ao espetáculo, evidenciando a experiência e a calma dos artistas veteranos diante do imprevisto.
Por todos os tempos: a jornada musical rumo ao Rock in Rio
A apresentação em Barretos seguiu a estrutura da turnê “Por Todos os Tempos”, que Chitãozinho e Xororó estão levando aos mais diversos palcos do Brasil, incluindo uma aguardada apresentação no Rock in Rio 2024, durante o emblemático Dia Brasil, em setembro. Entre uma canção e outra, o público foi presenteado com uma narração feita por Pedro Bial, exaltando a trajetória da dupla e sua importância indelével para a música sertaneja.
Essa importância transcende o palco, reverberando intensamente na plateia. Durante a execução dos grandes sucessos da carreira da dupla, como “Fio de Cabelo”, “A Majestade, o Sabiá” e a icônica “Evidências”, os microfones quase foram ofuscados pelas vozes do público. Cada verso, cada melodia foi entoada com fervor pelos milhares de admiradores presentes, culminando em um encerramento apoteótico com “Evidências”.
O clímax: um final apoteótico entre a multidão
Para o grande final, Chitãozinho e Xororó fizeram uma descida simbólica do palco principal para um menor, estrategicamente posicionado no meio do povo. Essa aproximação física com a plateia, acompanhada por uma ovação retumbante, criou um momento de comunhão entre artistas e público, um testemunho vibrante do amor e da admiração que os rodeia.
A noite em Barretos, apesar dos contratempos, se revelou como uma celebração da música sertaneja em sua essência mais pura, uma prova de que, quando se trata de Chitãozinho e Xororó, até mesmo os desafios se transformam em momentos memoráveis.