O trio britânico de música eletrônica “Clean Bandit“, composto por Grace Chatto, Jack Patterson e Luke Patterson, revelou em uma recente entrevista à BBC as dificuldades que eles enfrentaram durante seu tempo na indústria musical. O grupo, conhecido por sucessos como “Rockabye” e “Rather Be“, contou como foram pressionados pela gravadora Atlantic Records a alterar drasticamente seu estilo musical.
Grace Chatto, violoncelista da banda, relembra que “disseram-nos para parar de usar cordas em nossas música, e também para parar de fazer música pop“. Segundo Jack Patterson, outro membro da banda, a gravadora chegou a enviar playlists de dance music, insistindo que o Clean Bandit deveria seguir aquela direção. “Disseram que só Harry Styles podia fazer música pop“, revela Patterson em entrevista para a BBC.
Essa pressão, segundo eles, foi parcialmente motivada pela percepção de que o grupo, composto por “pessoas tímidas e modestas“, não se encaixava na imagem de estrelas pop tradicionais. Patterson compartilhou que foram aconselhados a “fazer música de clube” em vez de seguir seus instintos criativos, levando-os a modificar seu som e abandonar os violinos em favor de uma abordagem mais voltada para o house.
Apesar de terem seguido algumas dessas orientações na época, o grupo agora reflete sobre como essas mudanças impactaram sua música e autenticidade.
“Nós permitimos que isso acontecesse porque pensamos, ‘Preferimos lançar algo do que nada’. Mas a música não parecia nossa“, explicou Chatto.
A estratégia da gravadora, no entanto, não rendeu os resultados esperados. Desde 2020, nenhum dos discos do Clean Bandit conseguiu entrar no Top 10 das paradas. Após essa experiência, o grupo negociou uma separação amigável da Atlantic Records, mantendo os direitos de todas as suas músicas não lançadas.
A banda é dona de hits como: “Rather Be“, “Solo” com Demi Lovato, “Rockabye” com Anne Marie e Sean Paul e “Baby” com Marina e Luis Fonsi.
A pressão para abandonar o estilo que os tornou populares deixou a banda em um dilema criativo. No entanto, o Clean Bandit decidiu seguir sua intuição e, eventualmente, negociou uma saída amigável da Atlantic Records, garantindo os direitos de todas as suas músicas inéditas.
Esse desabafo expõe as complexas relações entre artistas e gravadoras, onde o sucesso comercial pode, por vezes, suprimir a criatividade e a autenticidade dos músicos. Agora, com um novo contrato com a Sony Music B1/Ministry of Sound, a banda se sente mais livre para seguir seu caminho artístico. O novo single “Cry Baby”, uma colaboração com Anne-Marie e David Guetta, marca esse renascimento criativo, carregando a marca registrada do Clean Bandit.
Música com Anitta e vinda ao Brasil
O grupo veio ao Brasil em 2019, com o recém lançado “What is Love?” disco que contou com diversas colaborações como Demi Lovato, Marina and the Diamonds, Zara Larsson, Luis Fonsi e Rita Ora.
Quando o Clean Bandit desembarcou no Brasil em 2019, a visita não foi apenas marcada por uma série de shows memoráveis, mas também por um encontro especial com uma das maiores estrelas do país Anitta.
Anitta, que já havia conquistado o cenário musical internacional com seus sucessos e colaborações globais, atendeu ao convite e se encontrou com o Clean Bandit. O encontro foi um momento de grande empolgação para ambas as partes, com o trio britânico descrevendo a experiência como “um grande prazer trabalhar com a rainha do Brasil”.
No entanto, apesar da colaboração promissora e do entusiasmo compartilhado, a música resultante desse encontro nunca foi lançada.
Polêmica com fotógrafo brasileiro
Vale lembrar que, em 2021, o grupo foi acusado de assédio moral e calote por fotógrafo brasileiro. Gabryel Sampaio revelou, em entrevista ao Hugo Gloss, uma série de alegações graves contra a banda Clean Bandit. Segundo Sampaio, que acompanhou o grupo em uma turnê pela Europa e Ásia, a banda não só deixou de pagar uma quantia significativa de dinheiro como também o teria submetido a situações de assédio moral durante o período de trabalho.
De acordo com o contrato firmado com a banda, Sampaio receberia um salário fixo mensal de £ 2.500 (cerca de R$ 18 mil na cotação atual) para realizar registros em foto e vídeo do grupo, além de gerenciar suas redes sociais e produzir conteúdos. Tarefas além do estipulado seriam consideradas “extras” e remuneradas à parte. No entanto, Sampaio afirma que a Clean Bandit ainda deve a ele £ 7.400, sendo £ 6.500 referentes aos serviços prestados e £ 900 por diárias de alimentação. Este valor corresponde a aproximadamente R$ 53 mil.
“Grace começou a me tratar mal, foi rude e até questionou como eu gastava meu dinheiro, dizendo que eu já era bem pago e que deveria agradecer pela oportunidade. Eles chegaram a marcar um encontro entre mim e os três membros da banda para me pressionar psicologicamente, alegando que eu estava errado em pedir mais, mesmo mostrando o acordo prévio“, contou Sampaio ao Hugo Gloss
O fotógrafo detalhou ainda que o clima de trabalho deteriorou-se após ele se recusar a realizar uma sessão de fotos extra sem cobrança adicional. Os problemas decorrentes dessa situação foram profundos para Gabryel, que relatou ter enfrentado estresse elevado, queda de cabelo, feridas na pele, crises de ansiedade, tristeza e revolta.
