Na madrugada desta terça-feira (10/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido a uma craniotomia de emergência, após ser diagnosticado com uma hemorragia intracraniana. O procedimento foi realizado semanas após uma queda em casa, que resultou em um hematoma intracraniano. O neurologista Dr. Sérgio Jordy, da Rede D’Or, explicou ao portal LeoDias os detalhes do procedimento, os riscos envolvidos e o processo de recuperação.
Hemorragia intracraniana: causas e complicações
A hemorragia intracraniana, como explicou o Dr. Jordy “as causas mais comuns são traumas, como quedas, ou lesões vasculares. No caso do presidente, o hematoma surgiu semanas após o trauma, algo não incomum em idosos”, afirmou o especialista. Ainda segundo o doutor, a hemorragia é caracterizada por um sangramento dentro do crânio que pode ocorrer dentro ou fora do cérebro.
A demora no diagnóstico pode agravar o quadro, já que o acúmulo de sangue eleva a pressão intracraniana. Essa condição pode causar sérias complicações, como danos neurológicos ou mesmo risco de morte se não tratada a tempo.
O que é a craniotomia?
A craniotomia é um procedimento cirúrgico que consiste na abertura do crânio para acessar áreas afetadas, seja para remover tumores, drenar hematomas ou tratar outras lesões. No caso de Lula, a cirurgia foi necessária para drenar o acúmulo de sangue causado pelo hematoma intracraniano.
“Trata-se de uma abertura cirúrgica da calota craniana, indicada para explorar lesões e resolver sangramentos. Apesar de ser indispensável, o procedimento apresenta riscos, como novos sangramentos, infecções ou lesões a estruturas próximas”, explicou o Dr. Jordy.
A duração da cirurgia pode variar dependendo da gravidade do problema e das condições do paciente, geralmente durando algumas horas. Após o procedimento, o paciente é transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde é submetido a monitoramento constante.
Riscos e cuidados pós-cirúrgicos
Nas primeiras 24 a 48 horas após a cirurgia, a observação rigorosa é essencial para evitar complicações, como infecções ou ressangramentos. “O controle da pressão intracraniana e a monitorização intensiva são cruciais nesse período para garantir o sucesso do procedimento”, afirmou o neurologista.
No caso de pacientes idosos, como o presidente Lula, o risco de complicações é maior devido à menor capacidade de tolerar o estresse cirúrgico. “Idosos têm reservas funcionais reduzidas, o que pode aumentar a chance de complicações, como sangramentos e infecções secundárias”, destacou o médico.
Recuperação e prevenção
O tempo de recuperação de uma craniotomia pode variar. Em média, os pacientes permanecem internados por cerca de sete dias, seguidos de seis semanas de repouso domiciliar. Já a liberação para atividades mais leve, como caminhadas, ocorre geralmente após três meses. E a recuperação total pode levar até seis meses, dependendo da complexidade do caso.
“Para indivíduos com boa resposta ao procedimento, a recuperação ocorre sem grandes intercorrências. No entanto, reabilitação pode ser necessária para pacientes que apresentam déficits neurológicos temporários ou permanentes”, explicou o Dr. Jordy.
Outro ponto importante destacado pelo especialista foi a importância de medidas preventivas para evitar traumas, especialmente em idosos. “A prevenção é fundamental, com pisos antiderrapantes, barras de apoio nos banheiros, retirada de tapetes escorregadios e boa iluminação nos ambientes”, orientou.
Cirurgia delicada
A craniotomia é uma cirurgia delicada, mas muitas vezes indispensável para tratar hemorragias intracranianas graves. No caso do presidente Lula, o diagnóstico rápido e a intervenção cirúrgica bem-sucedida evitaram complicações maiores. Agora, ele está em recuperação na UTI, onde segue sob monitoramento intensivo.
A experiência reforça a importância de cuidados preventivos para evitar traumas e da busca imediata por atendimento médico em casos de acidentes envolvendo a cabeça, especialmente entre idosos.