Nesta segunda-feira (6), o dólar encerrou o dia cotado a R$ 6,11, marcando uma queda de 1,14%. O movimento foi impulsionado por informações de que o governo de Donald Trump estaria considerando impor tarifas de importação menos abrangentes do que as prometidas durante sua campanha eleitoral.
A notícia, veiculada pelo jornal The Washington Post, indicou que assessores do presidente eleito sugerem aplicar tarifas mais elevadas apenas em setores estratégicos, como energia e defesa. Ainda pela manhã, Trump negou as informações por meio de sua rede social, classificando-as como “fake news”. “Isso está errado. O Washington Post sabe que está errado. É apenas outro exemplo de ‘fake news’”, declarou.
Impactos no mercado e no apetite por risco
A possibilidade de tarifas menores foi bem recebida pelos mercados, reduzindo temores sobre uma inflação mais alta nos Estados Unidos. Com menor inflação, o Federal Reserve (Fed) não teria necessidade de aumentar agressivamente as taxas de juros, o que favorece investimentos em mercados emergentes, como o Brasil.
Rendimentos menores dos títulos públicos americanos ampliam o apetite por investimentos mais arriscados, enfraquecendo o dólar em relação a outras moedas. No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores (B3), fechou em alta de 1,26%, alcançando 120.022 pontos.
Tarifas, inflação e o mercado de trabalho nos EUA
O anúncio do governo Trump também trouxe alívio ao mercado por atenuar os riscos inflacionários que poderiam ser causados por tarifas amplas sobre produtos importados. Segundo o analista financeiro Vitor Miziara, “tarifas de importação elevam os preços e, consequentemente, a inflação. Com uma inflação muito grande, as expectativas por juros mais altos também aumentam, pressionando o dólar”.
Ainda nesta semana, o mercado está atento à divulgação de dados sobre o mercado de trabalho nos EUA, que devem fornecer pistas sobre os próximos passos do Fed. Indicadores que apontem forte geração de empregos podem intensificar os temores com a inflação, enquanto números mais modestos podem reforçar a manutenção de uma política monetária menos restritiva.
Cenário econômico no Brasil
No Brasil, o mercado também aguarda a divulgação do índice de inflação de dezembro e do acumulado de 2024, prevista para sexta-feira (10). As projeções indicam que a meta de inflação será ultrapassada pelo terceiro ano consecutivo.
Além disso, o governo federal discute o orçamento de 2025 e possíveis ajustes fiscais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do tema. Após o encontro, Haddad afirmou que ainda não há propostas concretas de cortes de gastos em discussão, mas reiterou a necessidade de aprovar o orçamento para garantir o funcionamento regular da máquina pública.
Projeções para 2025
O Boletim Focus, do Banco Central, aponta que a inflação de 2025 deve alcançar 4,99%, acima da meta de 3%. Para o dólar, a estimativa é de que a moeda norte-americana termine o ano cotada a R$ 6,00, ligeiramente acima da previsão anterior de R$ 5,96.
Com o dólar em queda e o Ibovespa em alta, o cenário de curto prazo reflete otimismo moderado, mas permanece dependente de eventos internacionais e das decisões fiscais e monetárias no Brasil. A resposta do mercado à política econômica de Donald Trump continuará sendo um termômetro para os investidores nos próximos dias.