Durante o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, aplicado no último domingo (10), candidatos expressaram indignação com uma questão de matemática que consideraram confusa e de difícil resolução. “Isso é conteúdo de faculdade!”, “Como você quer que eu saiba?” e “Cadê o resto [da questão]?” foram alguns dos comentários que circularam nas redes sociais. A questão, identificada como número 147 na prova cinza, 155 na verde, 137 na azul e 164 na amarela, pediu aos estudantes que calculassem a média das notas de um personagem sem fornecer informações diretas sobre as notas.

A única informação fornecida no enunciado era que o personagem havia dividido o total das notas por 5, ao invés de 4, o que resultou em um valor uma unidade menor do que o correto. Essa falta de dados explícitos aparentemente desestabilizou muitos estudantes, que se sentiram perdidos diante do enunciado.
O que dizem os professores?
Professores de quatro importantes cursinhos (Anglo, pH, Poliedro e Professor Ferretto) ouvidos pelo G1, avaliaram a questão como não estando entre as 10 mais difíceis da prova. Segundo eles, a dificuldade principal parece ter sido a ausência de informações claras, o que criou uma sensação de falta de dados para resolver o problema. Em realidade, a questão exigia apenas uma compreensão da lógica matemática envolvida para se calcular a média correta.
Para Rodrigo Serra, professor de matemática do Colégio Oficina do Estudante, a resolução da questão é menos complexa do que aparenta, bastando um entendimento das médias e uma análise lógica do enunciado.
Resolução do problema
Para resolver a questão, Rodrigo Serra explica que é necessário entender a implicação do divisor incorreto (5 ao invés de 4) no cálculo da média. Ao corrigir esse erro na divisão, torna-se possível encontrar o valor correto da média desejada.
Essa questão reflete um desafio comum no Enem: muitas vezes, o exame busca testar a habilidade de raciocínio lógico e interpretação dos candidatos, além do conhecimento de fórmulas ou dados. Segundo os professores consultados, a complexidade da prova é calculada para exigir dos alunos não apenas conhecimentos técnicos, mas também capacidade de lidar com enunciados que, à primeira vista, podem parecer insuficientes ou confusos.
Repercussão e discussão nas redes
A questão polêmica gerou uma onda de discussões nas redes sociais. Muitos estudantes comentaram que ficaram frustrados com o enunciado, considerando-o pouco claro ou excessivamente complexo. Para alguns, o enunciado sem dados aparentes foi visto como desmotivador, levando a questionamentos sobre o nível de dificuldade adequado para o exame.
O Enem é tradicionalmente estruturado para avaliar habilidades analíticas e de interpretação dos candidatos, além do conhecimento nas áreas de matemática, linguagens, ciências humanas e naturais. Questões como essa, embora críticas por alguns, fazem parte do objetivo da prova, que é testar habilidades variadas em um contexto desafiador.
A importância da interpretação no Enem
Apesar da frustração inicial, especialistas ressaltam que questões como a 147 (cinza) têm valor pedagógico, pois ensinam os candidatos a lidar com problemas onde os dados são indiretos ou incompletos. Esse tipo de questão reforça a importância de uma preparação que vai além da memorização, envolvendo prática em interpretação e análise lógica.
No entanto, diante da repercussão, a organização do Enem pode se deparar com a necessidade de balancear a dificuldade da prova em relação às expectativas dos candidatos.