Em uma declaração dada nesta sexta-feira, 21/06, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulada pelo governo federal no dia 11/06 por suspeita de fraude. Ele disse: “falcatrua numa empresa”.
“Tomei a decisão de importar um milhão de toneladas. Tivemos a anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa (…) O arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20, o pacote de cinco quilos (…) não dá para ser um preço exorbitante” disse o presidente.
Em uma entrevista concedida à rádio Meio, em Teresina (PI), segundo Lula, o governo se comprometeu a incentivar financeiramente a produção de arroz em outros estados, para evitar que a maioria da produção esteja concentrada no Rio Grande do Sul, afetado pelas chuvas excessivas em maio deste ano.
“Vamos financiar áreas de outros estados produtivos de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, enfatizou o presidente.
Um novo leilão não está descartado, mas a data ainda não foi definida. Envolvido no processo, Neri Geller, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi demitido após indícios de irregularidade.
Ministro da Agricultura reduz danos de secretário
Em declaração dada na audiência da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, onde foi convidado a esclarecer dúvidas sobre a condução do leilão, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD) deu explicações sobre a necessidade de importação e estoques públicos do arroz.
“Anulou o processo porque faz parte, e é num ato da gestão, combater qualquer tipo de conflito de interesse. É a prevenção. É a prevenção. Não se trata de juízo de valor. […] É muito importante dizer que a exoneração do ex-ministro Neri Geller não se trata de um ato de juízo de valor”, declara Fávaro na ocasião.
Novas regras serão impostas às empresas que participarão de um novo leilão que será organizado pelo governo. O ministério da Agricultura receberá auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU).
Secretário de Política Agrícola nega ter pedido demissão
O ministro da Agricultura, Fávaro, anunciou que o ex-secretário pediu demissão, mas Geller nega ter feito tal pedido. Ele não aceitou que a exoneração fosse publicada no Diário Oficial da União “a pedido”. “Não pedi demissão”, afirmou Geller em entrevista ao jornal O Globo.
Existe também a alegação de que o filho do secretário, Marcello Geller, consta como sócio de Robson Almeida França, dono de uma das principais corretoras que participaram do leilão, Foco Corretora de Grão. Secretário nega qualquer irregularidade.
Por: Vania Santos