Gusttavo Lima e seus supostos crimes: um panorama detalhado

Indiciamento de Gusttavo Lima por lavagem de dinheiro e organização criminosa
Gusttavo Lima e seus supostos crimes: um panorama detalhado
Gusttavo Lima e seus supostos crimes: um panorama detalhado. Reprodução/Pinterest/@Alice_Santtana

O cantor Gusttavo Lima cancelou a apresentação que estava prevista para o dia 2 de outubro em Petrolândia, localizada no Sertão de Pernambuco. O cachê oferecido pela prefeitura da cidade, no valor de R$ 1.100.000,00, já havia sido acordado. Contudo, a empresa responsável pelos eventos do cantor, Balada Eventos, emitiu uma nota informando que o cancelamento ocorreu de comum acordo entre as partes, com a intenção de remarcar o evento para uma data futura. Além disso, a equipe de Gusttavo Lima confirmou que o cantor retornou a Miami após uma apresentação realizada no estado do Pará no dia 27 de setembro.

Acusações contra o artista e operação da Polícia Civil


Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e envolvimento em organização criminosa, conforme reportado pelo programa “Fantástico“, exibido no último domingo (29). A investigação, conduzida pela Polícia Civil de Pernambuco no contexto da Operação Integration, levou ao indiciamento do cantor em 15 de setembro, sendo essa operação de grande escala, com 53 alvos distribuídos por seis estados brasileiros. O próximo passo é a análise do Ministério Público, que decidirá se o caso será levado à Justiça com uma denúncia formal contra o artista. A defesa de Gusttavo Lima nega veementemente qualquer irregularidade.

Dinheiro em espécie e notas fiscais apreendidas: indícios de lavagem de dinheiro


Durante a operação, a polícia apreendeu R$ 150 mil em espécie na sede da Balada Eventos e Produções, localizada em Goiânia, além de encontrar 18 notas fiscais emitidas de forma sequencial no mesmo dia e com valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos. Tais notas foram destinadas à empresa PIX365 Soluções, identificada pela polícia como “Vai de Bet”, também alvo da Operação Integration. O montante total das transações é estimado em mais de R$ 8 milhões, referentes ao uso da imagem e voz de Gusttavo Lima, o que, segundo as autoridades, indica práticas de lavagem de dinheiro.

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Negociações suspeitas envolvendo aeronaves


Outra linha de investigação concentra-se nas transações envolvendo duas aeronaves pertencentes a Gusttavo Lima, as quais teriam sido negociadas com empresários supostamente ligados a atividades de jogos ilícitos. De acordo com a polícia, uma das aeronaves foi vendida duas vezes em menos de um ano. A primeira venda ocorreu em 2023 para a empresa Sports Entretenimento, de propriedade de Darwin Henrique da Silva Filho, membro de uma família de bicheiros do Recife, segundo a polícia. Após dois meses, Darwin devolveu a aeronave alegando problemas técnicos, sendo que o contrato de venda e o distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023. O laudo técnico, que apontou a falha mecânica, foi emitido posteriormente, no dia 29 de junho daquele ano.

Em fevereiro de 2024, a empresa de Gusttavo Lima vendeu o avião novamente, desta vez para a J.M.J Participações, de José André da Rocha Neto, outro alvo da Operação Integration. A transação ocorreu sem qualquer laudo comprovando o reparo da aeronave. Além disso, a negociação incluiu um helicóptero, também pertencente ao cantor, que já havia sido adquirido anteriormente por outra empresa de Rocha Neto. Este helicóptero foi devolvido a Gusttavo Lima após a transação. Segundo a polícia, as empresas envolvidas usaram uma combinação de dinheiro lícito e ilícito para adquirir as aeronaves.

A resposta de Gusttavo Lima à polícia


Em depoimento à polícia, transmitido por meio de seus advogados, Gusttavo Lima negou ter qualquer vínculo com Darwin Filho, comprador da aeronave. O cantor alegou que as negociações envolvendo a venda dos aviões foram conduzidas de maneira transparente, com transações bancárias normais e sem qualquer tentativa de ocultação ou dissimulação. Ele também refutou alegações de relações íntimas com José André da Rocha Neto e sua esposa, Aisla, embora o casal tenha participado de seu aniversário em setembro, em um iate na Grécia, evento este que ocorreu quando Rocha Neto já era considerado foragido pela justiça. Na ocasião, o casal viajou com Gusttavo Lima em sua aeronave, desembarcando antes do retorno ao Brasil, possivelmente na Espanha.

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Vínculo com a empresa Vai de Bet e patrocínio ao Corinthians


Segundo o inquérito policial, Gusttavo Lima teria adquirido 25% de participação na empresa Vai de Bet, em julho de 2023, porém, as autoridades suspeitam que o cantor já era um “dono oculto” da empresa antes dessa data. Em 2023, a Vai de Bet firmou um contrato de patrocínio milionário com o Corinthians, que atualmente está sob investigação em São Paulo. Um conselheiro do clube revelou à polícia que o presidente do Corinthians conversou diretamente com Gusttavo Lima por telefone e que o próprio presidente declarou que o cantor era um dos proprietários da empresa.

Nota de defesa e justificativas


Em nota oficial enviada ao “Fantástico“, a defesa de Gusttavo Lima afirmou que o dinheiro encontrado no cofre da Balada Eventos destinava-se ao pagamento de fornecedores, e que as notas fiscais sequenciais apreendidas estavam devidamente declaradas e com os impostos pagos. Quanto ao contrato com a PIX365, foi esclarecido que havia uma cláusula anticorrupção, e que o acordo foi suspenso. Sobre a venda das aeronaves, a defesa sustentou que os contratos foram formalizados pelas empresas legalmente representadas, afastando qualquer hipótese de lavagem de dinheiro. A equipe do cantor também negou que ele tenha qualquer participação societária na Vai de Bet, embora o contrato em posse da polícia mostre que ele tem direito a 25% de eventual venda da marca.

Posicionamento de Rocha Neto e Darwin Filho


Rocha Neto, por meio de seus advogados, alegou que as notas fiscais emitidas pela PIX365 à empresa de Gusttavo Lima referem-se a serviços prestados pelo cantor à Vai de Bet. No tocante à negociação das aeronaves, afirmou que utilizou um helicóptero como parte do pagamento pelo jato de Gusttavo. Rocha Neto ainda afirmou que Gusttavo Lima não é sócio da Vai de Bet, apenas detendo direitos sobre a marca. Darwin Filho, por sua vez, negou qualquer vínculo com o jogo do bicho e afirmou que a transação envolvendo a compra e cancelamento da aeronave foi regular.

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