O pedido de afastamento do Corinthians foi solicitado em agosto do ano passado pelo grupo de oposição Movimento Reconstrução, com 86 conselheiros a favor. A iniciativa surgiu a partir de uma investigação do Comitê de Ética sobre possíveis irregularidades no contrato do clube com a patrocinadora VaideBet. As suspeitas envolvem lavagem de dinheiro e o repasse de dinheiro aos “laranjas”. Caso o impeachment se concretize, o primeiro vice-presidente, Osmar Stábile, assumirá o cargo. Embora a torcida não tenha direito de votar, membros uniformizados da torcida organizada Gaviões da Fiel demonstraram apoio a Melo e estiveram presentes no Parque São Jorge afirmando estarem sofrendo um golpe.
Como foi a votação?
A apuração dos votos foi encerrada às 23h16 dessa segunda-feira (20) e a votação sobre o afastamento de Augusto Melo foi adiada. Alguns conselheiros alegaram cansaço, e Romeu Tuma informou que a Polícia Militar não permaneceria no local, o que a PM negou. Dessa forma, o presidente da Comissão de Ética, Roberson Medeiros, decidiu suspender a reunião. A continuidade da reunião ainda não tem data definida e há a possibilidade de ser transferido para a Neo Química Arena, enquanto Melo permanecerá no cargo.
Cenário político tenso no Corinthians
Apesar de ter sido derrotado na primeira votação, Augusto Melo ainda tem chances de reverter o processo de impeachment. A diferença de votos que o separa da vitória é pequena, e ele precisaria conquistar apenas sete votos adicionais. Além disso, Melo pode contar com o apoio de conselheiros que não compareceram à última reunião.
No entanto, o andamento da investigação sobre o contrato entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet, que motivou o pedido de impeachment, pode complicar ainda mais a situação de Melo. A expectativa é de que ele e ex-diretores do clube sejam convocados para depor à Polícia Civil em breve.
Conflito de poderes no Conselho
A relação entre Augusto Melo e Romeu Tuma Jr. ficou mais complicada durante a reunião. Quando Tuma Jr., presidente do Conselho, tentou decidir se o impeachment de Melo continuaria, fazendo uma votação rápida por aclamação, ou seja, de forma mais imediata. Melo ficou irritado e foi para cima de Tuma Jr. Os dois ficaram discutindo de forma agressiva e precisaram ser separados por outras pessoas que estavam presentes para evitar que a situação piorasse.
Relembre quem foram os presidentes afastados acusados de desvio e lavagem de dinheiro
2020: Santos – José Carlos Peres: O pedido de saída teve 1.005 votos favoráveis de 1.078 conselheiros.
2002: Flamengo – Edmundo Santos Silva: 530 conselheiros votaram pela saída do presidente, enquanto 26 queriam sua permanência.
2015: São Paulo – Carlos Miguel Aidar: O presidente renunciou ao cargo antes que seu pedido de impeachment fosse votado.