O jejum intermitente, amplamente adotado por quem busca emagrecimento, pode apresentar um efeito colateral inesperado: a queda de cabelo. É o que aponta um estudo publicado na última sexta-feira (13) na revista científica Cell. Os pesquisadores observaram esse impacto ao analisar camundongos submetidos a diferentes regimes de jejum intermitente ao longo de três meses.
De acordo com o estudo, os animais que seguiram essas dietas apresentaram menor regeneração capilar quando comparados aos que consumiram a mesma quantidade de calorias sem jejum. Esse achado levanta um alerta para possíveis implicações dessa prática alimentar a longo prazo, especialmente na saúde capilar.
Dois tipos de jejum e os resultados
Para realizar o experimento, os pesquisadores dividiram os camundongos em grupos e aplicaram dois regimes distintos de jejum intermitente:
- Alimentação com restrição de tempo: período diário limitado para ingestão de alimentos.
- Jejum em dias alternados: os animais passaram 24 horas sem comer, seguidas de 24 horas com acesso livre à alimentação.
Ao longo de três meses, todos os grupos consumiram uma quantidade similar de calorias. No entanto, os camundongos que seguiram regimes de jejum apresentaram uma regeneração capilar significativamente menor em áreas previamente raspadas, em comparação aos que se alimentaram regularmente.
Os autores do estudo sugerem que o jejum pode redirecionar nutrientes para funções consideradas essenciais pelo organismo, como a manutenção dos órgãos vitais, deixando processos metabólicos secundários, como a regeneração capilar, em segundo plano.
Impacto do jejum na saúde
Embora o jejum intermitente seja reconhecido por benefícios como a perda de peso e melhora na sensibilidade à insulina, ele não está isento de efeitos adversos. Além da queda de cabelo relatada no estudo, outras consequências potenciais incluem:
- Deficiências nutricionais: redução na ingestão de vitaminas e minerais essenciais.
- Alterações hormonais: impacto no ciclo menstrual e na saúde geral.
- Fadiga e fraqueza: especialmente durante os períodos de jejum prolongado.
O nutricionista Gabriel Torres alerta para os riscos de adotar estratégias alimentares sem acompanhamento profissional: “Embora o jejum intermitente tenha se popularizado, ele não é indicado para todos. Cada organismo reage de forma diferente, e a falta de planejamento pode levar a problemas de saúde”.
Considerações sobre o jejum intermitente
A prática, que se tornou tendência nos últimos anos, envolve períodos controlados de ingestão alimentar, com variações que vão desde horas até dias sem comer. Seu apelo está na simplicidade e nos resultados rápidos, mas especialistas enfatizam que o emagrecimento sustentável exige uma abordagem equilibrada.
Segundo o estudo, os impactos negativos observados no crescimento capilar reforçam a necessidade de mais pesquisas sobre os efeitos a longo prazo do jejum intermitente, especialmente em humanos. Embora o experimento tenha sido realizado em camundongos, os resultados podem indicar potenciais desafios para quem adota a prática sem orientação.
Planejamento é fundamental
O estudo ressalta a importância de aliar a busca por emagrecimento à preservação da saúde. Estratégias como o jejum intermitente devem ser acompanhadas por profissionais que possam garantir o equilíbrio nutricional, evitando carências de nutrientes essenciais para o organismo.
Adotar uma abordagem personalizada, considerando fatores como idade, rotina e histórico médico, é crucial para evitar efeitos colaterais, como a queda de cabelo observada nos camundongos. Afinal, perder peso com saúde significa respeitar os limites do corpo e manter o bem-estar a longo prazo.
Embora eficaz para a perda de peso, o jejum intermitente precisa ser encarado com cautela, especialmente quando o objetivo é manter um estilo de vida equilibrado e sustentável.