A Fórmula 1 anunciou nesta terça-feira (26) o lançamento de uma nova carta de Diversidade e Inclusão, um marco histórico desenvolvido em parceria com a Mission 44, fundação criada por Lewis Hamilton, e com o apoio da Royal Academy of Engineering, do Reino Unido. A iniciativa foi aprovada por todas as 10 equipes da grade, consolidando um compromisso coletivo com a igualdade e a representatividade no esporte.
A união entre a Fórmula 1 e a Mission 44, anunciada inicialmente em julho deste ano, já vinha abrindo caminhos para jovens de grupos menos favorecidos socialmente por meio de programas de estágio e inclusão. Com a nova carta, a F1 dá um passo ainda mais ambicioso, documentando compromissos que buscam transformar profundamente a cultura do automobilismo, promovendo ações para atrair e reter talentos sub-representados.
“O esporte é extremamente competitivo, e todos nós estamos comprometidos em empregar os melhores talentos. Sabemos pelo relatório da comissão de Hamilton que há oportunidades para trabalharmos coletivamente para encontrar e nutrir esse talento, e mudanças significativas já foram colocadas em prática em todo o esporte”, afirmou Stefano Domenicali, Diretor Executivo da F1, afirmando que a Fórmula 1 é um esporte de elite e se orgulha disso, ainda mais agora com o objetivo de trazer novas perspectivas e abraçar a diversidade.
A carta publicada no instagram oficial da F1 define como Visão “permitir que qualquer pessoa tenha acesso, contribua e aproveite o automobilismo global” e como Missão “identificar e retirar barreiras para atrair e reter uma rica diversidade de pessoas em nossos locais de trabalho, melhorando nossas maneiras de trabalhar e nos envolvendo com as partes interessadas para impulsionar a inovação.”
Quatro pilares para um futuro inclusivo
O documento estabelece quatro pilares principais:
• Atrair: apoiar iniciativas que busquem atrair grupos sub-representados para o automobilismo.
• Reter: implementar processos que mitiguem preconceitos e criem culturas de inclusão.
• Criar: ouvir e encorajar diversas perspectivas no design, desenvolvimento e entrega de produtos e serviços.
• Engajar: comunicar o compromisso do estatuto com partes interessadas externas.
Além disso, o estatuto prevê a criação de um grupo de implementação para fornecer mais iniciativas e projetos que tornem o ambiente da Fórmula 1 mais aberto e acessível às minorias.
Impacto de Hamilton e da Mission 44
Lewis Hamilton não é apenas um ativista incansável ou um piloto lendário; ele é uma força transformadora que, com sua mente brilhante e visão estratégica, conseguiu ir além tanto nas pistas com mais premios do que qualquer outro piloto, quanto fora fora delas. Desta vez, ele se infiltrou ainda mais nas entranhas da estrutura rígida da FIA, rompendo barreiras históricas para impulsionar mudanças significativas em prol da inclusão e diversidade no automobilismo.
O relatório elaborado pela comissão de Hamilton em 2021 foi essencial para identificar barreiras estruturais e propor soluções concretas. A Mission 44 tem desempenhado um papel central ao fornecer suporte técnico e recursos, além de servir como ponte para promover a inclusão por meio de estágios e oportunidades educacionais.
“A única maneira de manter e melhorar os padrões de excelência é acolher a diversidade de pensamento, ideias e experiências. A carta é um marco importante nessa jornada, e estamos todos comprometidos em tornar nosso esporte mais aberto e diverso”, reiterou Domenicali.
A F1 já implementou medidas significativas nos últimos anos, como a introdução de bolsas de estudo para grupos sub-representados em engenharia, a criação de programas de aprendizes e a inauguração da F1 Academy, liderada por Susie Wolff, que oferece suporte a mulheres aspirantes no automobilismo. A Mercedes, atual equipe de Lewis é o grupo que mais tem mulheres trabalhando.
Susie Wolff desempenhou um papel fundamental ao trazer sua liderança visionária e experiência para a F1 Academy, uma iniciativa que visa promover o acesso e a inclusão das mulheres no automobilismo. Como administradora do programa, ela não apenas reforça os esforços por maior diversidade, mas também demonstra o impacto transformador de lideranças femininas em um esporte historicamente dominado por homens. Seu trabalho complementa as iniciativas de Hamilton, criando um ecossistema mais inclusivo e fortalecendo a presença feminina em todos os níveis da Fórmula 1.
Apesar de ser uma figura controversa, sempre com um pé na linha dos preconceitos, conhecido por flertar com falas desrepeitosas até mesmo com seus pilotos, Mohammed Ben Sulayem, presidente atual da FIA, fez questão de pronunciar a importância do esforço coletivo:
“A diversificação do automobilismo é fundamental para o sucesso contínuo. Ao garantir igualdade de oportunidades e aumentar a acessibilidade, impulsionaremos mudanças significativas.”
O caminho para um esporte mais igualitário
Embora a Fórmula 1 seja conhecida por sua competitividade acirrada, o reconhecimento de que inclusão requer colaboração é fundamental para alcançar resultados positivos e duradouros.