O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, neste sábado (16), que o debate sobre a redução das jornadas de trabalho seja incluído na pauta do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. O pronunciamento ocorreu durante o encerramento da inédita Cúpula Social do G20, realizada no Brasil como parte da programação oficial do grupo. A cúpula buscou integrar a sociedade civil e movimentos sociais às discussões globais, com foco em inclusão e direitos sociais.
Lula destacou que o avanço do neoliberalismo acentuou as desigualdades e pediu medidas concretas para melhorar a qualidade de vida da população trabalhadora.
“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. O G20 precisa discutir uma série de medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas”, afirmou o presidente.
O tema das jornadas mais curtas, que tem ganhado destaque nas redes sociais e no cenário político nacional, reflete uma tendência global de reavaliação das relações de trabalho, especialmente diante do avanço tecnológico.
O debate no Brasil: propostas e divergências
A discussão sobre a redução da carga horária ganhou fôlego no Brasil após a apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). A medida prevê o fim da escala 6×1, garantindo aos trabalhadores mais de um dia de descanso semanal. Apesar do apoio popular nas redes sociais, a proposta ainda está em fase inicial no Congresso.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, se posicionou contra a aprovação da medida diretamente pelo Parlamento, afirmando que o fim da escala 6×1 deve ser negociado por sindicatos. Contudo, ele sinalizou que a redução da jornada para 40 horas semanais é viável quando decidida coletivamente.
“A jornada 6×1 é cruel. Imagine passar anos com apenas um dia de folga na semana, especialmente para as mulheres”, declarou Marinho.
Por outro lado, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) defendeu a proposta, mencionando que a tecnologia pode ser um fator facilitador para jornadas menores. “É uma tendência no mundo inteiro. À medida que a tecnologia avança, é possível trabalhar menos, mantendo a produtividade”, afirmou em entrevista ao G1
Cobrança por justiça social no G20
Além da questão trabalhista, Lula reforçou a necessidade de ações globais para enfrentar crises estruturais, como a fome e as mudanças climáticas. Ele criticou o contraste entre os elevados gastos em armamentos e a falta de investimentos em políticas sociais.
“São 733 milhões de pessoas que vão dormir toda noite sem ter o que comer. O mundo gastou no último ano US$ 2,4 trilhões em armamento e não gastou quase nada para dar comida para as pessoas”, pontuou.
O G20, que terá sua reunião de líderes entre os dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, é visto pelo presidente como uma plataforma essencial para promover discussões que impactem diretamente a qualidade de vida das populações em todo o mundo.
A expectativa é que os debates no G20 possam influenciar políticas públicas que conciliem desenvolvimento econômico com justiça social, trazendo propostas que abordem desigualdades e avancem em direção a um futuro mais equilibrado para os trabalhadores e suas famílias.