O mercado musical no Brasil alcançou um patamar significativo em 2024, ultrapassando a marca de R$ 1 bilhão em distribuição de direitos autorais para músicos, compositores e demais artistas. De acordo com a coluna Capital, do jornal O Globo, o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) prevê arrecadar R$ 1,5 bilhão até o final do ano, um feito que anteriormente foi atingido em 2017, 2022 e 2023, mas que, em 2024, se deu com quatro meses de antecedência.
A distribuição de 47% desse valor provém de veículos como rádio, televisão aberta e plataformas de reprodução de vídeo, evidenciando a diversidade dos meios de propagação da música no cenário atual.
O crescimento contínuo da música gravada no Brasil
Em 2023, o mercado da música gravada no Brasil experimentou seu sétimo ano consecutivo de crescimento, atingindo o valor de R$ 2,864 bilhões, o que representou um aumento de 13,4% em comparação ao ano anterior. O segmento de reprodução de vídeos consolidou sua predominância, sendo responsável por 87% das receitas totais, evidenciando sua centralidade no modelo de distribuição musical no país.
Esse desempenho positivo elevou o Brasil ao nono lugar no indicador global dos maiores mercados musicais, sendo o segundo de maior crescimento no top 10, com um aumento de 13,4%, superando o Canadá (12,2%) e ficando atrás apenas da China (25,9%).
Sincronização, direitos conexos e vendas físicas
Além das receitas provenientes de vendas digitais e físicas, o mercado brasileiro registrou um aumento de 14,5% no faturamento global de 2023, totalizando R$ 2,5 bilhões. Os direitos conexos de execução pública, que abrangem produtores, intérpretes e músicos, somaram R$ 336 milhões, com uma elevação de 4% em relação ao ano anterior.
Outro segmento que teve um crescimento substancial foi o de sincronização de músicas em produções audiovisuais, com um faturamento de R$ 14 milhões, um aumento impressionante de 87% em comparação a 2022. O mercado de vendas físicas, embora represente apenas 0,6% do total, também apresentou crescimento notável, com um aumento de 35,2%, atingindo R$ 16 milhões, o maior valor desde 2018, sendo que os discos de vinil responderam por R$ 11 milhões desse montante.
Desempenho internacional e os desafios da indústria
No âmbito global, as receitas provenientes de música gravada cresceram 10,2% em 2023, atingindo US$ 28,6 bilhões (equivalente a R$ 142,4 bilhões, considerando o câmbio atual). O principal motor desse crescimento foi o aumento no número de assinaturas pagas de serviços de streaming, conforme revelado pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica).
O Brasil, com seu crescimento acima da média global, contribuiu significativamente para o desempenho da América Latina, que se consolidou como a segunda região de maior expansão mundial, com um crescimento de 19,4%, ficando atrás apenas da África Subsaariana, que registrou um aumento de 24,7%.
Contudo, o mercado fonográfico brasileiro também enfrenta desafios, entre eles o uso crescente de ferramentas automatizadas que geram vídeos falsos, além do impacto potencial da Inteligência Artificial Generativa no ecossistema da música gravada, questões essas destacadas por Paulo Rosa, presidente da Pro-Música Brasil.
A força do serviços de vídeos no Brasil
Um dos fatores primordiais para o crescimento do mercado musical no Brasil foi o aumento significativo no número de assinaturas premium de plataformas de vídeos como Spotify, Deezer, Apple Music e YouTube Music, que registraram um incremento de 21,9% em apenas um ano. O número de assinantes pagos chegou a 22,5 milhões, um recorde histórico, enquanto, ao incluir os usuários freemium, esse número ultrapassa os 50 milhões.
No cenário global, as assinaturas pagas de streaming representaram 48,9% do mercado, e em 2023 o número total de assinaturas pagas de serviços de vídeos de música superou 500 milhões pela primeira vez, com mais de 667 milhões de usuários.
A presença dominante da música nacional
Outro dado revelador sobre o mercado brasileiro é a forte presença da música nacional nas principais plataformas de vídeos. Em 2023, 93,5% das músicas no top 200 das mais tocadas nas plataformas foram criações de artistas nacionais, evidenciando a singularidade do mercado fonográfico brasileiro em relação ao cenário internacional.
O sertanejo continua a dominar as primeiras colocações, seguido de longe pelo funk e pelo pop, reafirmando a preferência do público local pela música nacional.