Milhares de moradores da província de Valência tomaram as ruas neste sábado (9) em uma manifestação para exigir que os líderes políticos sejam responsabilizados pela resposta lenta e pela falta de preparo diante da enchente que assolou a região no final de outubro. Com mais de 200 mortos, o desastre é considerado o maior dos últimos 50 anos na Espanha, e a população local busca justiça e medidas que previnam futuras tragédias.
Protesto e clamor por mudanças
Organizada por grupos locais, a manifestação reuniu pessoas de várias partes da província que carregavam cartazes e entoavam palavras de ordem em um apelo direto por mudanças. A principal demanda dos manifestantes é a demissão de Carlos Mazón, chefe do governo regional, a quem acusam de negligência e falta de ação no enfrentamento da tragédia. Além de Mazón, outros gestores também estão sendo cobrados pela demora na emissão de alertas e pela resposta insuficiente das autoridades locais e nacionais.
Segundo um dos organizadores do protesto, a população “foi deixada à mercê da tempestade” e teve de contar com a solidariedade entre vizinhos para lidar com os primeiros impactos do desastre. Para eles, a tragédia revelou falhas sérias no sistema de prevenção de desastres e uma desconexão entre os gestores e as reais necessidades da população.
Críticas à falta de alerta e assistência rápida
Um dos principais questionamentos levantados pelos manifestantes é o atraso nas comunicações de emergência. De acordo com relatos, muitos moradores não foram avisados sobre a gravidade da tempestade a tempo de buscar abrigo ou deixar áreas de risco. A insuficiência dos alertas e a demora na chegada de equipes de resgate agravaram o impacto da enchente, que devastou cidades inteiras e deixou centenas de famílias desabrigadas.
“Essas mortes poderiam ter sido evitadas se os gestores tivessem agido com antecedência e eficiência”, afirmou um manifestante. O governo regional, liderado por Carlos Mazón, está no centro das críticas, especialmente por uma série de cortes recentes em investimentos destinados à infraestrutura e à defesa civil.
Apelo por ações imediatas e transparência
Além da demissão de Mazón, os manifestantes exigem uma investigação completa para apurar as falhas na gestão do desastre e a alocação de recursos para medidas preventivas. Eles pedem que o governo tome providências para assegurar a transparência nas ações e a criação de um plano mais robusto de prevenção de desastres naturais.
As imagens do protesto mostram uma população unida pelo luto e pela indignação, levando faixas que clamam por “respeito às vítimas” e “responsabilidade política”. Para os organizadores, é crucial que essa tragédia sirva como um marco de transformação na forma como o governo espanhol lida com emergências.
Resposta das autoridades e caminho a seguir
Diante da pressão popular, Mazón emitiu uma nota na qual lamenta a tragédia e afirma que a equipe de governo “fez o possível” para responder à crise, porém não mencionou a possibilidade de renúncia ou medidas específicas para atender às demandas. A resposta não foi bem recebida pelos manifestantes, que consideram as declarações insuficientes e exigem um comprometimento mais claro das autoridades.
A manifestação em Valência ressalta a crescente preocupação da sociedade espanhola com a gestão de crises e desastres ambientais, especialmente em um contexto de eventos climáticos cada vez mais extremos.