O candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), foi intimado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prestar depoimento em até 24 horas. A intimação ocorreu após a Polícia Federal (PF) identificar o uso da plataforma X, anteriormente Twitter, pelo candidato, desrespeitando a proibição imposta durante o período eleitoral. A decisão, compartilhada com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, aponta indícios de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.
A proibição do uso da plataforma faz parte de uma série de medidas tomadas por Moraes para evitar a disseminação de desinformação durante as eleições de 2024. O uso contínuo do X por Marçal, mesmo após o bloqueio, levantou suspeitas. Conforme a PF, desde o dia 2 de outubro de 2024, a conta de Marçal (@pablomarcal) esteve ativa com diversas postagens, incluindo um vídeo falso contra Guilherme Boulos (PSOL), outro candidato à prefeitura de São Paulo.
Postagens e monitoramento pela Polícia Federal
Conforme o portal de notícias G1 o ministro Moraes relata que, “a conduta de PABLO HENRIQUE COSTA MARÇAL, em tese, caracteriza abuso do poder econômico e no uso indevido dos meios de comunicação, sendo grave a afronta à legitimidade e normalidade do pleito eleitoral”. A infração, segundo ele, pode resultar na cassação de registro ou diploma, além da inelegibilidade de Marçal.
A Polícia Federal relatou intensa atividade na conta de Marçal nos dias anteriores à intimação. Na madrugada de 5 de outubro, vários vídeos de sua campanha eleitoral foram postados na plataforma, o que, segundo a PF, violaria as normas impostas. Conforme registrado na decisão, o uso contínuo do perfil foi uma tentativa de driblar as regras estabelecidas para manter a ordem nas eleições.
A polêmica do laudo falso contra Boulos
Outro ponto que reforçou a decisão foi a divulgação de um laudo falso por Marçal, acusando seu adversário Guilherme Boulos de uso de drogas. O suposto laudo, divulgado em vídeos postados na noite do dia 4 de outubro, foi amplamente compartilhado nas redes sociais. Entretanto, a Justiça Eleitoral identificou indícios claros de falsificação no documento e ordenou a remoção das publicações de plataformas como Instagram, TikTok e YouTube.
A documentação falsificada, assinada por um médico falecido em 2022, José Roberto de Souza, continha diversas irregularidades. Entre elas, a assinatura do médico foi contestada pela filha, Aline Garcia Souza, que possui uma tatuagem com a assinatura original do pai. Aline relatou que seu pai nunca trabalhou na clínica mencionada no laudo e que, na data do documento, ele já estava muito debilitado devido a problemas de saúde.
“A assinatura [no documento de Marçal] é completamente diferente da dele”, afirmou Aline Souza, ressaltando que seu pai nunca atuou na clínica “Mais Consultas”, como mencionado no laudo, e que o documento contém erros graves, como um RG incorreto de Boulos e falhas de ortografia.
Impacto eleitoral e consequências
O uso indevido da plataforma X e a divulgação do laudo falso acenderam um alerta sobre a propagação de notícias falsas e o impacto disso nas eleições de 2024. O monitoramento rigoroso realizado pela Polícia Federal pretende coibir essas ações e garantir a legitimidade do processo eleitoral.
A situação de Marçal se complica, uma vez que a decisão de Moraes deixa clara a possibilidade de punições severas, como a cassação de sua candidatura. O caso ainda segue em investigação, e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias.