Uma situação lamentável marcou a coletiva de imprensa do Atlético-GO na última quarta-feira (29). Durante a entrevista com Adson Batista, presidente do clube, a repórter Nathália Freitas, da TV Anhanguera e da Rádio CBN, se retirou após um comentário machista feito pelo dirigente. O episódio gerou repercussão nas redes sociais e reacendeu o debate sobre o machismo no futebol.
O episódio na coletiva de imprensa
Esse momento ocorreu na coletiva de imprensa pós-jogo do Atlético-GO contra o Goianésia que terminou em 0 a 0. O presidente do clube fez fortes críticas ao desempenho do time no jogo, e em conversa com a repórter Nathália, ele questionou se ela achava que algum jogador tinha feito boa partida. A repórter respondeu que achava que Alejo Cruz tinha jogado bem, e o dirigente alegou que Nathália só achava isso por considerar o jogador “bonitinho”.
No mesmo momento, a repórter demonstrou desconforto com o comentário e respondeu que o presidente só fez tal “brincadeira” por que ela era mulher. O presidente completou pedindo desculpas e disse que não queria “barraco“, que ele não teve a intenção de magoá-la e que a repórter poderia se vitimizar se quisesse. Diante da declaração, Nathália, visivelmente incomodada, agradeceu e deixou a entrevista.
Repercussão e posicionamentos
O vídeo do momento viralizou rapidamente, provocando uma onda de apoio à jornalista por parte de torcedores, colegas de profissão e organizações ligadas ao jornalismo esportivo. Muitos classificaram o comentário do dirigente como inaceitável e reforçaram a importância da presença feminina no meio esportivo, histórica e predominantemente masculino.
Em suas redes sociais, Nathália Freitas agradeceu todo apoio, mas disse não estar pronta para comentar o caso:
Oi, galera! Passando para agradecer o carinho e as milhares de mensagens de apoio que recebi. Não consigo agradecer todo mundo individualmente neste momento e nem falar sobre o que aconteceu agora. Assim que for possível, farei.
— Nathália Freitas (@nathfreitasjor) January 30, 2025
Obrigada! ♥️
A Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de Goiás (ACEEG) divulgou uma nota repudiando com veemência o comentário machista de Adson Batista contra a repórter Nathália Freitas. A entidade destacou a importância da presença feminina no jornalismo esportivo e prestou solidariedade à jornalista, enfatizando que episódios como esse afastam mulheres do meio esportivo. Além disso, a ACEEG ressaltou que espera que atitudes como a do dirigente não se repitam e reforçou seu compromisso com o respeito e a harmonia no ambiente de trabalho, colocando-se à disposição de Nathália, assim como já fez em outros casos de agressão no futebol. A Federação Goiana de Futebol (FGF) não se pronunciou.
O Atlético-GO ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso. Contudo, a pressão pública aumenta para que o clube se manifeste sobre o ocorrido. O presidente Adson Batista postou uma nota em suas redes sociais pessoais pedindo desculpas à repórter.

A presença feminina no jornalismo esportivo tem crescido significativamente nos últimos anos, com profissionais ocupando cada vez mais espaços e ganhando reconhecimento. No entanto, casos como esse demonstram que ainda há desafios a serem superados para garantir um ambiente de trabalho respeitoso e igualitário.