Uma nova era começou na Síria após a deposição de Bashar al-Assad, presidente do país desde 2000, no último fim de semana. Grupos rebeldes, liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), tomaram a capital Damasco e encerraram mais de cinco décadas de regime da família al-Assad, que começou em 1971 com Hafez al-Assad.
Bashar, segundo agências de notícias russas, teria deixado a Síria e recebido asilo em um país europeu. Em meio à transição, a população foi às ruas para comemorar, apesar do toque de recolher decretado pelos rebeldes na capital.
Multidões nas ruas e simbólica destruição de estátuas
Dezenas de pessoas se reuniram em praças e avenidas de Damasco para celebrar o que chamaram de “libertação do povo sírio“. A cena mais marcante foi a destruição de estátuas e monumentos dedicados a Hafez al-Assad, pai de Bashar. Imagens mostram manifestantes pisoteando as estátuas, um ato simbólico que reflete o repúdio ao regime que governou a Síria com mão de ferro por mais de cinco décadas.
“O grito de ‘A Síria é nossa’ ecoou pelas ruas enquanto os sírios celebravam, muitos com lágrimas de alívio e esperança por um futuro diferente”, (fiquei em dúvida se a fala toda deveria ir em itálico) relatou um correspondente da AFP.
Liderança rebelde assume o controle
A aliança rebelde liderada pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um grupo islamista liderado por Abu Mohamed al-Jolani, assumiu o comando do país. Jolani foi recebido por uma multidão em Damasco, consolidando seu papel como figura central no novo governo provisório.
Para garantir a segurança e evitar tumultos, o HTS impôs um toque de recolher que se estendeu até às 5h desta segunda-feira (9), no horário local. No entanto, muitos sírios desafiaram as restrições para celebrar o fim do regime.
O fim de uma era
A família al-Assad governava a Síria desde 1971, quando Hafez al-Assad assumiu o poder após um golpe militar. Ele governou até sua morte, em 2000, quando Bashar, seu filho mais velho, assumiu o cargo. O regime foi marcado por repressão, censura e conflitos internos, culminando na guerra civil que devastou o país a partir de 2011.
Bashar al-Assad manteve-se no poder durante 13 anos de guerra civil, com apoio de aliados como Rússia e Irã, enquanto enfrentava diversas facções rebeldes e grupos extremistas. A deposição marca um dos desfechos mais significativos do conflito, que já deixou centenas de milhares de mortos e milhões de refugiados.
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Um futuro incerto
Apesar da celebração, o futuro da Síria ainda é incerto. A aliança liderada pelo HTS é composta por grupos com diferentes agendas, e a governabilidade do país será um desafio. Além disso, a transição de poder pode atrair reações de potências estrangeiras envolvidas no conflito, como Rússia, Irã e Turquia.
“A Síria está diante de uma encruzilhada. Este é o momento de reconstrução, mas também um momento delicado para evitar novos conflitos internos e a interferência externa”, comentou um especialista em Oriente Médio à Al Jazeera.
Enquanto isso, as imagens de celebração nas ruas de Damasco refletem um sentimento de alívio após décadas de opressão. Os próximos passos do novo governo rebelde serão decisivos para determinar o destino de um país marcado por anos de sofrimento e destruição.