Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a proteção conferida pela Lei Maria da Penha deve ser estendida a casais homoafetivos formados por homens, bem como a mulheres travestis e transexuais. A decisão, anunciada nesta semana, reconhece a omissão do Congresso Nacional em legislar sobre o tema e reforça a necessidade de garantir proteção a todas as vítimas de violência doméstica e familiar.
A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, foi criada para combater a violência contra mulheres em contexto doméstico e familiar. A legislação prevê medidas como a criação de juizados especiais, concessão de medidas protetivas de urgência e assistência integral às vítimas. No entanto, até então, não havia um entendimento consolidado sobre sua aplicação para outros grupos vulneráveis, como casais homoafetivos masculinos e mulheres trans.
Reconhecimento da vulnerabilidade e omissão legislativa
A decisão do STF baseia-se no reconhecimento de que a violência doméstica não se limita a relações heterossexuais e que pessoas LGBTQIA+ também enfrentam altos índices de agressão dentro de casa. O tribunal apontou que a falta de legislação específica para esses casos configura uma omissão do Congresso Nacional, o que levou a Corte a interpretar a lei de forma mais ampla para incluir outros grupos vulneráveis.
Os ministros enfatizaram que o objetivo da Lei Maria da Penha é coibir a violência baseada em desigualdade de gênero e relações de poder dentro do ambiente doméstico, e que isso pode ocorrer independentemente do gênero da vítima ou do agressor. Dessa forma, casais homoafetivos formados por homens e mulheres trans também devem ter acesso às medidas protetivas previstas na legislação.
Impacto da decisão

Com a ampliação do alcance da Lei Maria da Penha, vítimas de violência doméstica que se enquadram nesses grupos poderão solicitar medidas como afastamento do agressor, restrição de contato e suporte psicológico e jurídico. A decisão também reforça a necessidade de capacitação das autoridades para atender esses casos com a devida sensibilidade e eficácia.
- Leia Mais: O humorista Whindersson Nunes é internado em clínica psiquiatra para cuidar da saúde mental
A medida é vista como um avanço na garantia dos direitos da população LGBTQIA+, que historicamente enfrenta dificuldades no acesso à justiça em casos de violência doméstica. Especialistas apontam que a decisão do STF pode contribuir para a redução da subnotificação de casos e incentivar mais vítimas a denunciarem seus agressores.
Apesar do avanço, a necessidade de regulamentação pelo Congresso ainda é um ponto de debate. A expectativa é que o Legislativo formalize a ampliação da lei, garantindo sua aplicação uniforme em todo o país. Enquanto isso, a decisão do STF passa a ser um marco na luta contra a violência doméstica e na proteção de grupos historicamente marginalizados.