O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou ser contrário à proibição do TikTok no país, prevista para começar a valer neste domingo (19). Trump sinalizou que pode buscar uma forma de revertê-la, mas, caso a medida seja mantida, analistas acreditam que restrições semelhantes podem se espalhar entre os aliados dos EUA.
A proibição do TikTok foi aprovada pelo Congresso americano em abril do ano passado sob o argumento de que o aplicativo representa um risco à segurança nacional devido aos vínculos da ByteDance, sua controladora, com o governo chinês. A empresa nega qualquer ligação com Pequim, mas a decisão legislativa reflete preocupações sobre espionagem e manipulação de informações.
Precedentes e impacto internacional
Especialistas comparam a situação do TikTok com casos anteriores de empresas tecnológicas chinesas e russas banidas por motivos semelhantes. “Há grandes paralelos entre o TikTok e o que aconteceu com a Huawei e a Kaspersky, o que indica que é apenas uma questão de tempo até que uma proibição gradual entre em vigor”, afirmou Emily Taylor, editora do Cyber Policy.
A Huawei, gigante chinesa de telecomunicações, foi considerada pelos EUA como um risco à segurança nacional em 2019 e teve seus equipamentos 5G proibidos em vários países. A Kaspersky, empresa russa de antivírus, foi banida nos EUA em 2017 sob a acusação de colaboração com o Kremlin. Em ambos os casos, outros aliados dos EUA seguiram a decisão, ampliando o impacto das restrições.
A influência dos Five Eyes
A pressão diplomática dos EUA sobre aliados costuma ser decisiva em questões de segurança cibernética. O grupo Five Eyes (EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) é um dos principais vetores de propagação dessas medidas. Atualmente, todos os membros da aliança proíbem o TikTok em dispositivos governamentais, e o Canadá determinou o encerramento das operações do aplicativo no país.
Em outros lugares, como Áustria, França, Noruega e Taiwan, restrições semelhantes já foram adotadas para servidores públicos e militares. O ex-chefe do Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido, Ciaran Martin, destaca que, quando os EUA decidem uma proibição por questões de segurança, outros países tendem a seguir a mesma linha.
O fator Trump e o futuro do TikTok
Diferentemente da Huawei e da Kaspersky, o TikTok enfrenta uma variável imprevisível: a nova administração Trump. O presidente eleito já tentou banir o aplicativo em sua gestão anterior, mas atualmente mudou de posição. “Se a agenda de política externa estiver cheia, pressionar outros aliados a seguir a proibição pode perder prioridade e permitir que os países ganhem tempo”, afirmou Emily Taylor.
Outro ponto crucial é o impacto da proibição na sustentação do aplicativo. O TikTok conta com cerca de 170 milhões de usuários nos EUA, mercado essencial para criadores de conteúdo, anunciantes e para sua plataforma de e-commerce, o TikTok Shop. Com proibições também na Índia e a ausência na China, onde opera sob outra versão (Douyin), a empresa pode enfrentar desafios para manter seu crescimento global.
A Huawei e a Kaspersky sobreviveram apostando em mercados alternativos na África e no Oriente Médio. Se o TikTok seguir esse caminho, poderá manter-se relevante, mas dificilmente manterá a mesma influência global que possui hoje.