Desde o início de sua carreira, Valesca Popozuda se tornou um ícone da música brasileira, particularmente no cenário do funk, onde suas letras sempre abordaram a sexualidade de forma direta e sem rodeios. No entanto, essa franqueza lhe rendeu uma chuva de críticas, que continuam a surgir a cada novo lançamento. Em seu mais recente álbum, “De Volta Para Gaiola: Amor de Verdade”, a funkeira mais uma vez se depara com comentários negativos, especialmente em relação a suas músicas que exploram temas de sexualidade feminina e empoderamento.
O encontro com a crítica: um diálogo nas redes sociais
Na última quarta-feira (20), Valesca Popozuda se viu no centro de uma nova polêmica nas redes sociais, quando um internauta, utilizando a plataforma X, ironizou uma de suas faixas. O vídeo compartilhado pelo usuário mostrava Valesca dançando ao som de “Pagodin”, uma música que integra seu novo projeto, que faz um retorno às chamadas “proibidonas” — composições que misturam R&B e pagode, conhecidas por sua abordagem explícita e direta sobre temas sexuais. O internauta, aparentemente desconfortável com o conteúdo, escreveu em tom crítico: “Às vezes me acho um pouco conservador”.
A resposta de Valesca: desconstruindo o preconceito
Valesca, conhecida por não deixar críticas passarem em branco, respondeu prontamente à provocação. Em sua réplica, ela não só defendeu sua obra como também levantou questões sobre os padrões duplos que ainda prevalecem na sociedade. “É porque você é homem cis e hetero né? Então, normalmente vocês não gostam de ver uma mulher falar abertamente sobre sexo”, declarou a cantora, apontando a hipocrisia de muitos homens que, embora critiquem publicamente a sexualidade feminina, no privado desfrutam de práticas e conteúdos que muitas vezes são ainda mais ousados. Com uma pitada de ironia, Valesca acrescentou: “Muitos iguais a você, no sigilo, curtem coisas que nem eu teria coragem de fazer! Beijos e obrigada pelo engajamento.”
Um desfecho amistoso: o recuo e o pedido de desculpas
Surpreendido pela resposta, o internauta rapidamente mudou seu tom, esclarecendo que sua crítica inicial era, na verdade, uma tentativa de humor e que ele se considera um progressista, defensor das liberdades individuais, incluindo a liberdade sexual. “Era meme e sou totalmente progressista e a favor de todas as liberdades, inclusive a sexual. Admiro você e seu trabalho”, explicou-se o usuário.
Valesca, sempre diplomática, aceitou as desculpas com tranquilidade, encerrando o diálogo de maneira amistosa. “Tranquilo então, tá tudo bem, beijão e vamos que vamos”, respondeu a cantora, mostrando que, apesar das críticas, ela continua firme em sua defesa da liberdade de expressão e do direito de todas as mulheres de se expressarem livremente, seja na música, seja em qualquer outra esfera da vida.
A persistência de Valesca e o futuro do funk
Este episódio não é isolado na carreira de Valesca Popozuda, que há anos enfrenta a resistência de uma sociedade que ainda reluta em aceitar a plena expressão da sexualidade feminina, especialmente quando esta é articulada de maneira autônoma e assertiva. A resposta de Valesca ao internauta revela não apenas sua perspicácia, mas também sua resiliência em um meio que, muitas vezes, tenta silenciar vozes femininas que desafiam as normas estabelecidas.
À medida que Valesca continua a expandir sua carreira e a influenciar novas gerações de artistas, seu legado se solidifica como um símbolo de resistência contra o machismo e a censura moralista. O álbum “De Volta Para Gaiola: Amor de Verdade” é mais um testemunho de sua determinação em ocupar espaços que historicamente foram negados às mulheres, reafirmando o funk como um território de liberdade, não apenas artística, mas também pessoal.