Uma análise recente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) revelou um aumento na violência escolar no Brasil, com um crescimento de mais de três vezes nos últimos dez anos.
O ano de 2023 registrou o maior número de casos até o momento: 13,1 mil vítimas de violência escolar foram atendidas em hospitais públicos e privados, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Em 2013, esse número era de 3,7 mil.
As agressões físicas foram o tipo de violência mais frequente em 2023, correspondendo à metade dos casos. A violência psicológica apareceu em 23,8% das situações, enquanto a sexual respondeu por 23,1%. Em mais de um terço dos episódios, o agressor tinha algum vínculo com a vítima.

O Ministério da Educação (MEC) classifica a violência escolar em quatro categorias: agressões extremas (ataques letais premeditados), violência interpessoal (hostilidades e discriminação), bullying (intimidações repetitivas) e episódios no entorno (tráfico de drogas, tiroteios, roubos/furtos).
Causas do aumento
Segundo a Fapesp, o aumento significativo das agressões dentro das escolas entre 2022 e 2023 pode ser atribuído a diversos fatores, como:
- Comunidades virtuais: O crescimento de grupos online que promovem ideias destrutivas influencia comportamentos violentos;
- Desvalorização dos professores: A percepção negativa da carreira docente na sociedade contribui para um ambiente escolar mais hostil;
- Discursos de ódio: A banalização de discursos de ódio online e offline normaliza a violência e a discriminação;
- Precarização da infraestrutura escolar: Escolas com infraestrutura inadequada podem ser mais propensas;
- Violência doméstica: Alunos expostos à opressão e agressões em casa tendem a reproduzir esses comportamentos na escola.
Iniciativas para reduzir a violência escolar
Especialistas da Fapesp recomendam iniciativas para combater essa violência, dentre elas está a colaboração entre saúde, justiça e assistência social, além da realização de mudanças estruturais na cultura escolar, em vez de projetos isolados. Por fim, em casos graves, os conselhos tutelares devem ser acionados e intervir, mesmo que em escolas particulares.